Guia clínico atualizado sobre marcapasso cardíaco: marcapasso transcutâneo, transvenoso, epicárdico e definitivo, programação, limiares de captura e sensibilidade, indicações e complicações.
O que é o Marcapasso Cardíaco?
O marcapasso cardíaco (MP) é um dispositivo eletrônico que emite estímulos elétricos para manter a frequência cardíaca adequada em pacientes com bradiarritmias sintomáticas ou distúrbios de condução graves.
Pode ser usado de forma temporária (em situações agudas) ou definitiva (implante permanente).
Tipos de Marcapasso
- Unipolar: gera espícula grande no ECG.
- Bipolar: espícula pequena.
- Multicameral (ressincronizador): estimula átrios e ventrículos, usado em pacientes com IC e dissincronia ventricular.
Marcapasso Transcutâneo (MP TC)
- Colocação de eletrodos cutâneos; a pá negativa deve ficar no ictus cardíaco.
- Usado em emergências como medida provisória antes do implante transvenoso.
- Pode ser programado:
- Fixo: gera estímulos em frequência constante.
- Por demanda: dispara apenas quando a FC fica abaixo do valor programado.
- Recomenda-se programar a FC cerca de 10 bpm acima da FC de escape ou até cessar sintomas.
- Em instabilidade: iniciar com captura máxima e reduzir gradualmente.
- Necessário sedação, pois é doloroso.
Marcapasso Transvenoso (MP TV)
- Implantado por punção venosa (preferencial: jugular interna direita ou subclávia esquerda).
- Pode ser guiado por:
- Fluoroscopia.
- ECG intracavitário.
- Ecocardiograma.
- Eletrodo mais comum: ponta negativa (preta) e positiva (vermelha), com marcações de profundidade.
- Técnica: passar eletrodo até o VD, confirmando posição pelo ECG (onda P, QRS).
Marcapasso Epicárdico
- Frequentemente deixado no pós-operatório de cirurgias cardíacas.
- Pode ter polos negativos e positivos ou apenas negativo (nesse caso, conecta-se o positivo a uma agulha subcutânea).
- Usado em pacientes instáveis no pós-cirúrgicoAULA 18 – MARCAPASSO.
Marcapasso Definitivo
- Implante permanente.
- Pode ser unicameral (A ou V), bicameral (DDD) ou ressincronizador (CRT).
- Ressincronizador utiliza eletrodo no seio coronário para estimular o VE.
- ECG característico: padrão de BRD no QRS quando o eletrodo está no VD.
Programação do Marcapasso
Limiar de Sense
- Determina a sensibilidade do aparelho para “enxergar” os batimentos próprios do coração.
- Deve-se regular para que o MP não seja inibido por artefatos.
- Coloca-se metade do valor do limiar encontrado para reduzir risco de interferência.
Limiar de Captura
- É a menor energia necessária para gerar um QRS.
- Determinado reduzindo gradualmente o output até perder a captura.
- O valor final deve ser ajustado para 10–20% acima do mínimo necessário.
Indicações de Marcapasso Definitivo
- BAV total sintomático.
- BAV avançado (alto grau) sintomático.
- Doença do nó sinusal sintomática (síncope, pré-síncope, fadiga).
- Pausas sinusais prolongadas (> 3 s) sintomáticas.
- Algumas situações de IC com dissincronia ventricular (CRT).
Complicações
- Infecção do gerador ou cabo.
- Tromboembolismo.
- Perfuração do septo interventricular.
- Síndrome do marcapasso (em DDD).
Observação: o uso do marcapasso DDD não reduz mortalidade, mas melhora sintomas e qualidade de vida.
Conclusão
O marcapasso cardíaco é fundamental no manejo das bradiarritmias graves e no suporte de pacientes instáveis.
A escolha do tipo (temporário ou definitivo), a via de implante e a programação devem ser individualizadas conforme o quadro clínico e o risco do paciente.
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