Guia atualizado sobre o protocolo eFAST no atendimento ao trauma: indicações, preparo do paciente, escolha do transdutor, janelas de imagem, sinais ultrassonográficos e aplicações clínicas.
O que é o eFAST?
O eFAST (Extended Focused Assessment with Sonography in Trauma) é a evolução do protocolo FAST, desenvolvido nos anos 1990 para avaliação rápida de traumas abdominais.
Nos anos 2000, com base em estudos de avaliação pulmonar de Daniel Lichtenstein, o protocolo foi ampliado para incluir avaliação pulmonar e cardíaca, aumentando sua acurácia em emergências.
Em 2004, surgiu oficialmente o termo eFAST.
Indicações do eFAST
- Todo paciente vítima de trauma em serviços que disponham da ferramenta.
- Reavaliação seriada em pacientes traumatizados, semelhante à repetição de exames físicos como ausculta e aferição de pressão arterial.
- Diante de alterações clínicas durante a observação do paciente.
Preparo para o Exame
- Aparelho: verificar voltagem, chave seletora/nobreak e presets adequados (“Abdominal Geral”, “eFAST” ou equivalentes).
- Paciente: decúbito dorsal (supino); operador preferencialmente à direita.
- Transdutor:
- Preferencial: probe setorial (cardíaco).
- Alternativa: probe curvilíneo, embora com menor qualidade para avaliação cardíaca.
- Ajustes: profundidade e ganho devem ser otimizados conforme biótipo (ex.: obesidade, DPOC).
As 6 Janelas do eFAST
1. Quadrante Superior Direito (QSD)
- Estruturas: fígado, rim direito, diafragma, espaço de Morison.
- Patológico: líquido anecoico (preto) no espaço de Morison.
- Dica: realizar varredura com inclinação do probe.
2. Quadrante Superior Esquerdo (QSE)
- Estruturas: baço, rim esquerdo, diafragma, espaço periesplênico.
- Patológico: líquido anecoico entre baço e diafragma.
- Dica: rotação do probe para evitar sombra acústica das costelas.
3. Pelve (longitudinal e transversal)
- Estruturas: bexiga, útero/próstata, reto.
- Patológico: líquido retrovesical.
- Dica: compressão e rocking para melhorar visualização.
4. Coração (subxifoide)
- Estruturas: fígado, câmaras cardíacas, pericárdio.
- Patológico: derrame pericárdico (área anecoica ao redor)
5 e 6. Pulmonar Direita e Esquerda
- Estruturas: pleura e parênquima adjacente.
- Principais sinais:
- Asa de morcego: posicionamento correto.
- Lung Slide: deslizamento pleural → descarta pneumotórax.
- Linhas A: artefato típico de pulmão com ar.
- Patológico: ausência de Lung Slide sugere pneumotórax.
Interpretação
O eFAST não fornece diagnóstico definitivo de causa, mas responde perguntas objetivas:
- Há líquido livre abdominal?
- Há líquido livre torácico?
- Há derrame pericárdico?
- Há pneumotórax?
O achado positivo orienta condutas rápidas, reduzindo tempo até intervenção.
Conclusão
O protocolo eFAST é uma ferramenta indispensável no atendimento ao trauma, permitindo rápida detecção de líquido livre abdominal, derrame pericárdico e pneumotórax.
Sua aplicação deve ser seriada, sempre integrada ao contexto clínico e às limitações do método, garantindo decisões ágeis e seguras.
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Referências
- Lichtenstein D, et al. Ultrasound in the critically ill. Springer.
- ACEP/AIUM. Diretrizes de ultrassonografia em emergência.
❓ FAQ – Protocolo eFAST
O que é o eFAST?
É a versão expandida do protocolo FAST, incluindo avaliação de pulmões e coração no trauma.
Quais são as indicações?
Todo paciente politraumatizado e reavaliação seriada durante observação.
Quais são as 6 janelas do eFAST?
QSD, QSE, pelve (longitudinal e transversal), subxifoide e pulmonares (D e E).
Como identificar pneumotórax no eFAST?
Pela ausência de Lung Slide e de linhas A nas janelas pulmonares.
O que caracteriza derrame pericárdico no exame?
Área anecoica entre o pericárdio e o ventrículo direito.
O eFAST substitui exames definitivos?
Não. Ele responde a perguntas rápidas (tem/não tem líquido ou pneumotórax) e deve ser complementado por exames de imagem definitivos.