Guia clínico atualizado sobre bradiarritmias: bradicardia sinusal, bloqueios sinoatriais, bloqueios atrioventriculares, manifestações clínicas, investigação diagnóstica e tratamento.
O que são Bradiarritmias?
As bradiarritmias são distúrbios do ritmo cardíaco caracterizados por frequência cardíaca inferior a 50 bpm ou por distúrbios de condução elétrica que resultam em lentificação do ritmo.
Podem ser fisiológicas (atletas, sono) ou patológicas (doença do nó sinusal, bloqueios de condução).
Tipos de Bradiarritmias
Bradicardia Sinusal
- Frequência < 50 bpm, com estímulo originado do nó sinusal.
- Causas: atletas, sono, aumento de tônus vagal.
- Durante o sono, pode estar associada a SAOS (apneia obstrutiva do sono).
Bloqueios Sinoatriais (BSA)
- 1º grau: atraso de condução sinoatrial (> 200 ms).
- 2º grau tipo I: atraso progressivo até bloqueio → ritmo irregular.
- 2º grau tipo II: pausa súbita, onda P bloqueada.
- 3º grau: bloqueio total, surgem ritmos de escape.
Pausa Sinusal
- Ausência de onda P.
- Clinicamente relevante se > 3 s, sintomática ou em vigília.
Bloqueios Atrioventriculares (BAV)
- BAV 1º grau: prolongamento do PR, geralmente benigno.
- BAV 2º grau tipo I (Wenckebach): PR progressivamente maior até onda P bloqueada.
- BAV 2º grau tipo II: PR fixo com bloqueio súbito, maior risco de progressão para BAVT.
- BAV avançado: múltiplas ondas P bloqueadas → alto risco de evolução para BAV total.
- BAV 3º grau (total): dissociação átrio–ventrículo, ritmo de escape ventricular.
Bloqueios Intraventriculares
- BRE/BRD completos: QRS > 120 ms.
- Hemibloqueios: QRS < 120 ms.
- BRE em pacientes > 60 anos → até 50% terão cardiopatia estrutural associada.
Manifestações Clínicas
- Assintomáticos em formas leves.
- Síncope e pré-síncope (síndrome de Stokes-Adams em bloqueios avançados).
- Fadiga, dispneia, tontura.
- Pode haver piora em idosos ou durante esforço.
Investigação Diagnóstica
- ECG: exame fundamental.
- Holter 24h: detecta pausas, bloqueios intermitentes e bradicardia noturna.
- Teste ergométrico: avalia resposta cronotrópica.
- Estudo eletrofisiológico (EEF): útil em bloqueios avançados ou dúvida diagnóstica.
- Intervalo HV > 100 ms no EEF → sugere bloqueio infra-hissiano e pior prognóstico.
Tratamento das Bradiarritmias
Medidas iniciais
- Atropina: primeira escolha; aumenta FC bloqueando estímulo vagal.
- Contraindicação: em QRS largo pode piorar o quadro.
Suporte avançado
- Marcapasso transcutâneo ou transvenoso temporário: indicado em instabilidade.
- Marcapasso definitivo: indicado em:
- BAV avançado ou total sintomático.
- Doença do nó sinusal com sintomas (síncope, fadiga).
- Pausas > 3 s sintomáticas.
Medicamentos a evitar em bradiarritmias
- Amiodarona, betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio (verapamil, diltiazem), digoxina, clonidina, propafenona e sotalol.
Conclusão
As bradiarritmias variam de achados benignos até causas de síncope e morte súbita.
O diagnóstico precoce com ECG e exames complementares é fundamental.
O tratamento vai desde medidas clínicas simples até a indicação de marcapasso definitivo em casos avançados.
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