O derrame pleural é um achado frequente nos plantões e pode ter múltiplas etiologias — desde insuficiência cardíaca até infecções e malignidades. O POCUS (Point-of-Care Ultrasound) é mais sensível que a radiografia de tórax para identificar derrame pleural, chegando a mais de 90% de acurácia diagnóstica.
Neste artigo, você aprenderá a identificar derrames pleurais, calcular seu volume e reconhecer os sinais que ajudam a diferenciar transudato de exsudato à beira-leito.
Onde procurar o derrame pleural?
O melhor local é o ponto PLAPS (Posterolateral Alveolar and/or Pleural Syndrome Point), onde os lobos inferiores são visualizados.
É nesse ponto que você pode identificar a presença de líquido livre ou loculado, avaliar consolidações adjacentes e medir a profundidade do derrame.
Como calcular o volume do derrame pleural
A fórmula de Balik et al. é simples e prática:
📐 Volume pleural (mL) = distância máxima (mm) entre diafragma e base pulmonar × 20
- Medição feita com o paciente em decúbito dorsal
- Útil para acompanhar resposta a drenagem ou progressão do derrame
Sinais ultrassonográficos de derrame pleural
O POCUS mostra diversos padrões clássicos que ajudam a identificar o derrame e sua natureza:
- Sinal da Coluna (Spine sign) → a coluna vertebral visível acima do diafragma (sugere líquido ao invés de ar)
- Sinal da Água-viva → pulmão colapsado flutuando dentro do líquido
- Sinal Sinusoidal → movimento oscilatório do pulmão durante respiração
- Sinal Quad → quatro linhas delimitando área anecoica do derrame
- Sinal de Plâncton → partículas ecogênicas móveis no líquido (comum em exsudatos)
- Sinal de Hematócrito → líquido em camadas de diferentes densidades (hemotórax)
- Derrames loculados → coleções compartimentalizadas, geralmente exsudativas
Transudato x Exsudato no POCUS
A ultrassonografia pode sugerir a natureza do derrame:

👉 Resumo prático:
- Transudato = líquido “limpo” e anecoico
- Exsudato = líquido turvo, ecogênico, com debris móveis (plâncton)
Checklist prático do POCUS no derrame pleural
✅ Avaliar no ponto PLAPS
✅ Medir espessura máxima e aplicar fórmula de Balik
✅ Procurar sinais clássicos (coluna, água-viva, sinusoidal, quad)
✅ Diferenciar transudato (anecoico) de exsudato (plâncton, hematócrito)
✅ Correlacionar com clínica e critérios laboratoriais (Critérios de Light)
Referências
- Balik M, Plasil P, Waldauf P, et al. Ultrasound estimation of volume of pleural fluid in mechanically ventilated patients. Intensive Care Med. 2006;32(2):318–321.
- Lichtenstein DA. Lung Ultrasound in the Critically Ill. Springer, 2016.
- Soni NJ, Franco R, Velez MI, et al. Ultrassonografia no diagnóstico e tratamento de derrames pleurais.
J Hosp Med . 2015;10(12):811-816. doi:10.1002/jhm.2434
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