Imagine a seguinte situação, comum a muitos plantonistas:
Um paciente de 74 anos dá entrada no pronto-socorro com queixa de falta de ar acentuada, tontura e fraqueza. Segundo o acompanhante, ele teve episódios de tosse com expectoração amarelada nas últimas 48 horas. Na triagem, apresenta os seguintes sinais vitais:
- PA: 80/50 mmHg
- FC: 110 bpm
- FR: 28 irpm
- SpO2: 85% em ar ambiente
No exame físico: uso de músculos acessórios, estertores bilaterais, extremidades frias e tempo de enchimento capilar prolongado.
E agora, o que fazer?
Esse é o tipo de cenário que exige uma resposta rápida, lógica e segura. É exatamente aí que entra a metodologia A.D.A.P.T., desenvolvida para guiar o raciocínio clínico do médico da emergência em 5 etapas estruturadas:
🩺 A – Avaliação Inicial
Aplicamos o protocolo ABCDE, com monitorização contínua e estabilização da via aérea e oxigenação. Avaliamos sinais vitais, consciência e iniciamos coleta de exames com base no protocolo SAMPLE (sintomas, alergias, medicamentos, passado médico, líquidos ingeridos, eventos relacionados).
🔎 D – Diagnóstico
Com base na avaliação, formulamos hipóteses sindrômicas e etiológicas: infecção respiratória com insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica (pneumonia? sepse?). Solicitamos exames laboratoriais e de imagem para confirmar.
💉 A – Ações Terapêuticas Iniciais
Mesmo antes dos resultados, iniciamos medidas de suporte:
- Oxigenoterapia com máscara de não reinalação
- Reposição volêmica com cristalóide (500 mL em bolus)
- Nebulização com salbutamol e ipratrópio
- Analgesia e antipiréticos
🧪 P – Protocolo Específico
Suspeitando de pneumonia grave com broncoespasmo associado, iniciamos:
- Antibioticoterapia empírica com ceftriaxona EV
- Corticoterapia com prednisona VO
- Acompanhamento com fisioterapia respiratória diária
🔄 T – Transporte / Reavaliação
O paciente permanece sob reavaliação clínica contínua, com planejamento para possível internação em UTI, a depender da resposta ao tratamento inicial.
Por que a metodologia A.D.A.P.T. funciona?
Padronizar a avaliação com o método A.D.A.P.T. não é apenas um exercício teórico. É uma ferramenta de decisão que salva vidas, reduz o tempo até o tratamento adequado e aumenta a confiança do profissional na linha de frente.
Essa estrutura torna o raciocínio mais claro, evita omissões e acelera o reconhecimento de síndromes críticas, mesmo em cenários caóticos como os da sala vermelha.
👉 Se você é médico e deseja se sentir mais seguro na emergência, o primeiro passo é dominar uma metodologia simples, lógica e eficiente. E isso começa com o jeito certo de pensar.