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Guia atualizado sobre ecocardiograma: princípios físicos do ultrassom, formação da imagem, modos bidimensional e M, Doppler, janelas ecocardiográficas, avaliação da contratilidade, função diastólica e uso do ecocardiograma transesofágico.
O que é o Ecocardiograma?
O ecocardiograma é um dos exames mais importantes da cardiologia, baseado em ultrassom para avaliação anatômica e funcional do coração.
Permite analisar contratilidade miocárdica, função ventricular, valvopatias, pressões intracardíacas, presença de derrame pericárdico e complicações pós-infarto.
Princípios Físicos do Ultrassom
- Ondas de alta frequência → maior resolução, porém menor penetração.
- Ondas de baixa frequência → menor resolução, mas atingem estruturas mais profundas.
- A imagem é formada a partir da emissão e recepção de ondas por cristais piezoelétricos do transdutor.
Modos de Imagem
- Modo M: feixe único, ótima resolução temporal, útil para medir dimensões e movimento de válvulas.
- Modo bidimensional (2D): fornece visão anatômica em tempo real, com avaliação global e segmentar do coração.
Doppler
- Pulsado: avalia fluxo em ponto específico.
- Contínuo: avalia fluxos de alta velocidade, como em estenose aórtica.
- Colorido: identifica direção e turbulência do fluxo (vermelho = em direção ao transdutor; azul = afastando-se).
Janelas Ecocardiográficas
- Paraesternal eixo longo: VE, VD, Ao, AE, válvulas mitral e aórtica.
- Paraesternal eixo curto: válvula aórtica, mitral e contratilidade segmentar.
- Apical 4 câmaras: análise de AE, VE, AD, VD; pode evoluir para 5 câmaras.
- Apical 2 câmaras: avaliação de parede anterior e inferior do VE.
- Subcostal: útil em pericárdio, CIA/CIV e cava inferior.
- Supraesternal: arco aórtico e grandes vasos.
Avaliação da Contratilidade Segmentar
- Cada território miocárdico pode ser correlacionado com sua artéria coronária responsável.
- O mapa polar (bull’s eye) organiza a análise das paredes em basal, medial e apical.
- Alterações:
- Hipocinesia → contração reduzida.
- Acinesia → ausência de contração.
- Discinesia → contração paradoxal.
- Aneurisma ventricular: dilatação com cintura de estrangulamento.
Avaliação da Função Diastólica
A análise diastólica é fundamental, especialmente em provas de cardiologia.
Etapas de avaliação
- Ondas E e A (fluxo mitral).
- Doppler tecidual: E’ e A’ no anel mitral.
- Volume do AE: dilatação sugere aumento de pressão de enchimento.
- PSAP estimada pelo refluxo tricúspide.
Graus de disfunção diastólica
- Grau I (relaxamento alterado): E reduzida, A aumentada.
- Grau II (pseudonormal): relação E/A normal, mas E’ reduzido.
- Grau III (restritivo): E aumentada, A reduzida, enchimento rápido e breve.
Ecocardiograma Transesofágico (ETE)
- Permite alta resolução, ideal para estruturas próximas ao esôfago:
- AE, apêndice atrial esquerdo.
- Válvula mitral.
- Septo interatrial.
- Aorta ascendente e arco aórtico.
- Limitações: ponta do VE e região apical, melhor avaliados pelo ECO transtorácico.
Aplicações Clínicas
- Doença coronariana: detecção de áreas de hipocinesia/necrose.
- Valvopatias: avaliação anatômica e funcional (estenoses e insuficiências).
- Cardiomiopatia hipertrófica: padrões obstrutivos e não obstrutivos.
- Endocardite infecciosa: visualização de vegetações.
- Tamponamento cardíaco: colapso de câmaras direitas e variação respiratória de fluxos.
Conclusão
O ecocardiograma é uma ferramenta indispensável na cardiologia moderna, permitindo avaliação anatômica, funcional e hemodinâmica do coração.
Seu uso vai desde o rastreamento de cardiopatias até o manejo de emergências como tamponamento e complicações pós-IAM.
